25 abril 2012

Publicação de artigos: processo pago, que sofre boicote

Escrevemos aqui neste blog sobre vários artigos, que de maneira geral, achamos importantes e impactantes para o nosso dia-a-dia na UTI. Mas poucos sabem do que está nos bastidores de uma publicação de impacto, principalmente em revistas renomadas. Saiu uma notícia no jornal "The Guardian", que a amiga Clarisse Bressan (Twitter: _clara_) mandou hoje: "Harvard University says it can't afford journal publishers' prices" (link: http://www.guardian.co.uk/science/2012/apr/24/harvard-university-journal-publishers-prices). A Universidade de Harvard está motivando mais de 2000 pesquisadores a submeterem artigos a revistas de acesso gratuito. Isto se segue ao boicote de mais de 10 mil pesquisadores no mundo à editora Elsevier, que chega a cobrar milhares de libras para publicação em algumas revistas. Como o próprio nome diz, publicar um artigo é tornar público o conhecimento em torno dele. Vou resumir os tipos de publicações em revistas: - A revista é de uma editora, como a própria Elsevier, e o processo é gratuito para submissão e avaliação por pares (peer-review); paga-se se o artigo é aceito. Os revisores são anônimos e não são pagos por seu trabalho. O acesso ao artigo por leitores somente é feito através de assinaturas (individual ou institucional). - A revista é de acesso gratuito, assim como o processo de submissão, mas os autores devem pagar na etapa final para manter seus artigos abertos ao público geral. Os revisores também não são pagos. Os leitores podem ter acesso livre aos artigos. Exemplo: Critical Care (ccforum), onde os artigos originais são abertos. - A revista é totalmente livre, e autores e revisores não arcam ou recebem remuneração. O conteúdo é livre para os leitores. Existe instituição de publicação que arca com todos os custos. Tudo leva a crer que todos caminham para o acesso livre. O Wellcome Trust, entidade caridade para Pesquisa Médica, desenvolveu mecanismo para pesquisadores recuperarem o dinheiro que gastaram para a publicação. Um exemplo é o Genoma Humano, projeto que liberou todo conhecimento/mapeamento sobre o DNA humano de forma livre. Então, por que a maioria dos pesquisadores continuam mandando seus artigos para as revistas com assinaturas privadas ? Um motivo é o reconhecimento em torno do Impacto da Revista, que quanto maior, dá mais prestígio ao pesquisador. Isto influencia em arrecadação para novas pesquisas, como por exemplo, financiamento pelo CNPq (Brasil). Como vai caminhar a questão ? Só o tempo dirá. As empresas e entidades que financiam, assim como universidades e instituições de pesquisa, devem incentivar a publicação em revistas abertas, para que o processo em torno do acesso ao conhecimento se torne verdadeiramente aberto e público. André Japiassú

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