24 abril 2013

Não use glutamina suplementar em pacientes muito graves !

A Randomized Trial of Glutamine and Antioxidants in Critically Ill Patients. Heyland D, et al. NEJM 2013;368:1489-1497.

Este estudo foi randomizado e cego experimentou suplementação de glutamina (IV e enteral) e/ou antioxidantes para os pacientes graves de 40 UTIs canadenses, americanas e europeias. Todos os pacientes estavam em ventilação mecânica e tinha 2 ou mais disfunções orgânicas; a maioria tinha choque. Foram incluídos mais de 1200 pacientes em 4 grupos ! Os pacientes receberam dieta a partir de 24 horas após internação na UTI.

O uso de glutamina esteve associado a maior mortalidade em 28 dias: 32% vs 27% (odds ratio 1.128, p=0,05). É assustador que este efeito deletério persiste em 6 meses para o suo de glutamina (44 vs 37%, p=0,02). O uso de antioxidantes (selenio, zinco, beta-caroteno, vitaminas C e E) não influenciou a mortalidade: 31% vs 29%.

O editorial do artigo de G. van den Berghe critica a alta mortalidade e a idade média de 62 anos (que ela achou muito baixa). No entanto, não vejo disparate nos dados demográficos, assim como a gravidade dos pacientes incluídos (Tabela 1 do artigo). Além disso, o estudo teve a participação de muitas UTIs em diferentes países, sendo difícil trazer um viés de seleção embutido nos resultados.

Este resultado não apaga os teóricos benefícios da glutamina e antioxidantes em pacientes cirúrgicos e em outras eventuais situações. Mas para usar em um paciente grave na UTI, estes suplementos parecem não servir mesmo. O mais importante é dar "comida", tão logo o paciente estiver mais estável.

André Japiassú

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