Diversos estudos e algumas meta-análises realizados até 2000 indicavam que o uso de corticóides para prevenir estridor pós-extubação apresentava bons resultados apenas na população neonatal e pediátrica. No entanto, uma nova meta-análise realizada com 3 novos estudos (2006-2007) demonstrou redução de estridor pós-extubação e reintubação com uso de corticóides em adultos.
Fan T, Wang G, Mao B, et al. Prophylactic administration of parenteral steroids for preventing airway complications after extubation in adults: meta-analysis of randomized placebo controlled trials. Brit Med J 2008; 337:a1841.
O objetivo primário foi a incidência de estridor; secundário foi a incidência de insuficiência respiratória dentro de 24 horas após a extubação. Apenas 6 estudos foram incluídos (dentre quase 1500 citações nas diversas bases de dados). Quase todos os estudos apresentaram boa avaliação da qualidade segundo critérios Jadad (alocação, critérios de inclusão e exclusão, análise estatística e de heterogeneidade, etc). A metade deles apresentou resultados positivos (justamente os 3 mais recentes).
A redução de estridor pós-extubação apresentou odds ratio 0,38 (IC 0,17-0,85), e de reintubação 0,29 (IC 0,15-0,58). O NNT (número necessário para tratar e evitar 1 evento) para estridor foi 10 e para reintubação foi 50. Quando se analisou as doses de corticóides (revertidas para metilprednisolona - a mais usada), doses de 160 mg por dia foram melhores que doses menores que 100 mg. E a frequência de doses também teve resultados diferentes: doses repetidas reduziram estridor (NNT 5) e reintubação (NNT 25). Doses únicas apresentaram resultados sem significância estatística em relação a placebo. O subgrupo de pacientes de maior risco para estas complicações (neurológicos, pos-op de cirurgia cardíaca, insuficiência respiratória-lesão pulmonar aguda) se beneficiou da estratégia (odds 0,26 e 0,31 para estridor e reintubação, respectivamente).
As limitações da análise são: (a) heterogeneidade dos trabalhos, principalmente em relação à definição de estridor (gráfico de funil com distribuição assimétrica; (b) a administração de corticóide deve se iniciar 12 horas antes da extubação; (c) não foi possível analisar os estudos em relação à intenção de tratamento ("intention to treat"), o que também reduz a confiabilidade dos dados extraídos dos 6 estudos.
Em conclusão, parece haver benefício na estratégia de administração de corticóides pré-extubação, principalmente em pacientes de maior risco, muito por conta dos novos estudos clínicos sobre o assunto que foram publicados entre 2006 e 2007.
André
Fan T, Wang G, Mao B, et al. Prophylactic administration of parenteral steroids for preventing airway complications after extubation in adults: meta-analysis of randomized placebo controlled trials. Brit Med J 2008; 337:a1841.
O objetivo primário foi a incidência de estridor; secundário foi a incidência de insuficiência respiratória dentro de 24 horas após a extubação. Apenas 6 estudos foram incluídos (dentre quase 1500 citações nas diversas bases de dados). Quase todos os estudos apresentaram boa avaliação da qualidade segundo critérios Jadad (alocação, critérios de inclusão e exclusão, análise estatística e de heterogeneidade, etc). A metade deles apresentou resultados positivos (justamente os 3 mais recentes).
A redução de estridor pós-extubação apresentou odds ratio 0,38 (IC 0,17-0,85), e de reintubação 0,29 (IC 0,15-0,58). O NNT (número necessário para tratar e evitar 1 evento) para estridor foi 10 e para reintubação foi 50. Quando se analisou as doses de corticóides (revertidas para metilprednisolona - a mais usada), doses de 160 mg por dia foram melhores que doses menores que 100 mg. E a frequência de doses também teve resultados diferentes: doses repetidas reduziram estridor (NNT 5) e reintubação (NNT 25). Doses únicas apresentaram resultados sem significância estatística em relação a placebo. O subgrupo de pacientes de maior risco para estas complicações (neurológicos, pos-op de cirurgia cardíaca, insuficiência respiratória-lesão pulmonar aguda) se beneficiou da estratégia (odds 0,26 e 0,31 para estridor e reintubação, respectivamente).
As limitações da análise são: (a) heterogeneidade dos trabalhos, principalmente em relação à definição de estridor (gráfico de funil com distribuição assimétrica; (b) a administração de corticóide deve se iniciar 12 horas antes da extubação; (c) não foi possível analisar os estudos em relação à intenção de tratamento ("intention to treat"), o que também reduz a confiabilidade dos dados extraídos dos 6 estudos.
Em conclusão, parece haver benefício na estratégia de administração de corticóides pré-extubação, principalmente em pacientes de maior risco, muito por conta dos novos estudos clínicos sobre o assunto que foram publicados entre 2006 e 2007.
André
André, o que vc acha sobre o "cuff leak test" como preditor do estridor imedito pós-extubação na população adulta? Eu costumo utilizá-lo antes da extubação e percebo que ele tem uma boa correlação com o surgimento de estridor e fracasso na extubação a curto prazo quando não há escape, não acho que seja um bom preditor de sucesso na presença de escape. Levo em consideração o nº do TOT e o paciente. Eu o aplico primeiro com a pressão positiva (PSV) e confirmo em seguida com a oclusão do TOT sem PP. Ausculto o pescoço em poucos ciclos ins / exp.
ResponderEliminarÉ um bom preditor de falha de extubação e pode ser feito; no entanto, pacientes neurológicos parecem ter mais extridor talvez por reflexos vagais e este teste não seria tão sensível. Grato pelo comentário.
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