16 junho 2009

ENTENDENDO A FAMÍLIA NO PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO

O núcleo familiar deve ser compreendido como uma unidade, um sistema que possui leis internas de funcionamento e organização. Quando um membro da família é hospitalizado ou fica doente, o equilíbrio e os papéis ocupados por cada um são afetados. A doença grave pode precipitar a desestruturação familiar e eclodir antigos conflitos que permaneciam latentes, diante disto é necessário entender as reais necessidades dos familiares para poder auxiliá-los.

A família deve ser vista como um paciente secundário para a instituição hospitalar. Muitas vezes esta chega na UTI insegura, desconfiada e com medo, sintomas esses compreendidos pela falta de vínculo e informação. Faz-se necessário nesse primeiro contato um acolhimento humanizado juntamente com a compreensão dos sentimentos trazidos pelo sistema familiar. Cuidar do “paciente secundário” é uma sobrecarga para a equipe, porém um contato inicial bem sucedido poderá minimizar conflitos futuros.


A situação de crise vivida pelos familiares de pacientes internados em UTI pode ser exemplificada pela desorganização das relações interpessoais devido ao isolamento do paciente, problemas financeiros e medo da perda da pessoa amada. Halm et cols (1993) demonstraram que o nível de estresse na família é mais alto no momento da admissão, começando a se estabilizar no sexto dia e decaindo consideravelmente perto do 28º dia. Estes achados sugerem que a intervenção com os familiares deva ocorrer na fase inicial da internação.


Para Wallace (1989) refere que o tempo requerido para o ajustamento familiar após a internação em UTI é influenciado pelas seguintes características: 1) idade e importância do paciente para a família, 2) número de membros da família diretamente envolvidos; 3) relações individuais dentro da família; 4) quantidade de estresse interpessoal no momento da crise; 5) estabilidade psicológica geral do sistema familiar.


E importante que se compreenda que as crises e desajustes no sistema familiar são comuns nas UTIs e estes precisam se sentir compreendidos, seguros e com suas dúvidas esclarecidas. Se antecipar e promover o “holding” familiar, poderá impedir que este desajustamento seja projetado para a própria equipe.


Psic. Rachel Push de Souza

Presidente do Depto. de Psicologia da AMIB


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