13 junho 2009

A EQUIPE NO PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO

A humanização renasce para valorizar as características do gênero humano. É imprescindível no processo de humanização uma equipe consciente dos desafios a serem enfrentados e dos limites a serem transpostos. É fundamental, no processo de humanização, entender a equipe de maneira interdisciplinar, atuando e potencializando as ações entre si, respeitando o potencial de cada um. Sabemos que os profissionais da saúde são confrontados diariamente com questões relativas à morte, o que pode ser relacionado às causas geradoras de estresse.

Vários estudos – Chiattonne (1997), assinala a violenta gama de estímulos emocionais nocivos e aos quais os profissionais de saúde estão intermitentemente expostos, entre eles: a atitude (muitas vezes interpretada como agressiva e/ou evasiva) de lidar com a intimidade emocional e corporal do paciente; conviver com limitações técnicas, pessoais e materiais sem contraponto ao alto grau de expectativas e cobranças lançadas sobre este profissional pelos pacientes, familiares, instituição hospitalar e até mesmo por si próprio; a solicitação constante de decisões rápidas e precisas, a cruel e desumana tarefa de “selecionar” quem usa esse ou aquele equipamento, pois o número de urgências graves é quase sempre superior aos recursos. Diante desses questionamentos, espera-se que as equipes estejam treinadas e experimentadas para lidar com essas situações. Menzies (1976) diz que lidar com o corpo do paciente, suas excreções e dores, na prestação de cuidados de enfermagem revela sobremaneira a quantidade de ansiedade suportável, desencadeando na equipe de atendimento defesas rigidamente estruturadas. Pitta (1990) aponta que o sofrimento psíquico da equipe hospitalar pode ser identificado pelas jornadas prolongadas e ritmo acelerado de trabalho, a quase inexistência de pausas para descanso ao longo do dia, a intensa responsabilidade por cada tarefa a ser executada com a pressão de ter “uma vida nas mãos”. As intercorrências inesperadas, como mudanças repentinas no estado clínico de um paciente que estava bem, aumentam a tensão e a ansiedade. Essas situações geram inquietude na equipe como um todo e a fazem avaliar as capacidades pessoais de conviver no ambiente que gera estresse. Esses sentimentos podem levar à frustração, raiva, depressão e falta de confiança em si próprio, diminuindo a satisfação com o trabalho. É importante que a equipe esteja atenta e colabore para o trabalho interativo, contribuindo para o saber multidisciplinar, facilitando sempre o processo comunicacional. Uma equipe coesa facilitará o trabalho interacional, podendo estruturar grupos para reuniões científicas, discussão de casos clínicos, buscando aperfeiçoar o atendimento aos pacientes, através da estruturação de condutas discutidas em equipe. Muitas vezes, há necessidade de esclarecimentos, trocas de informações e conhecimentos, que permitirão aos profissionais preparar melhor o paciente com informações esclarecedoras. O trabalho em equipe, como nos fala Campos (1995), além de acrescentar conhecimentos e dividir ansiedades, favorece o surgimento de soluções.

Vale lembrar que o cuidado emocional é de responsabilidade de toda a equipe de saúde, que precisa estar em condições emocionais de trabalhar com os pacientes, seus familiares e comunidades. Ser saudável é uma conquista que deve ser buscada não só para os pacientes, mas também para a vida dos profissionais.

Psic. Raquel Pusch de Souza
Presidente do Dept. Psicologia AMIB
pusch11@terra.com.br
Curitiba-Pr

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