Winters BD, Eberlein M, Leung J, Needham DM, Pronovost PJ, Sevransky JE. Long-term mortality and quality of life in sepsis: A systematic review. Crit Care Med 2010; 38:1276-1283.
Dando continuidade ao tema explorado por mim sobre sepse no último Post, abordarei, agora, um aspecto esquecido ou pouco valorizado no manejo desses pacientes. Em maio deste ano foi publicado na Cirt Care Med uma revisão sistemática sobre mortalidade e qualidade de vida dos pacientes sépticos após alta hospitalar. Muitos trabalhos apresentam end point usando como referência a mortalidade em 28dias, porém, os pacientes sépticos podem evoluir com complicações que geram seqüelas por longo tempo.
O delirium, injuria pulmonar aguda (ALI) e a miopatia do paciente crítico são alguns desses exemplos. Assim, estudos que utilizam outcomes de 28 dias podem subestimar as taxas de morbidade e mortalidade. Mesmo os quadros de sepse que não evoluem com essas complicações podem apresentar alterações significativas nessas taxas. Isto se deve a efeitos secundários em vários órgãos, como o sistema nervoso central, devido ao mecanismo patológico, reposta do hospedeiro ou ambos.
Dentro dos critérios de inclusão foram revistos estudos que analisavam mortalidade e qualidade de vida com no mínimo 90 dias após alta hospitalar. Os resultados demonstraram que os pacientes sépticos independente do grau de gravidade e da diversidade populacional continuavam a morrer em meses e anos após alta hospitalar (Figuras 1 e 2). Além disso, os índices de qualidade de vida utilizando o EuroQoL-5D e o SF-36 diminuiram ao longo do tempo. Os pacientes sépticos apresentaram prejuízo na qualidade de vida quando comparados com a população normal e com pacientes críticos sem sepse. Foi notado que doenças agudas, como a sepse, apresentam similar diminuição nos índices de qualidade de vida quando comparadas com as doenças crônicas (DPOC ou ICC).
Figura 1
Figura 2Apesar de não ter tido controle sobre a incidência de ALI os resultados forma similares a trabalhos publicados anteriormente que estudavam esse grupo em especial, com exceção na menor incidência de incapacidade funcional. Os autores concluem que muitas podem ser as causas desse desfecho como hipotensão, toxinas, resposta ao stress (citocinas), resposta ao tratamento (corticóide), imobilidade e desenvolvimento de complicações tais como ALI. Além disso, sugerem que estudos futuros devem sistematizar a procura desses indicadores de desfecho a longo prazo.
Marcelo Grandi
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