05 dezembro 2011

Como contornar a falta de especialistas ?

"Como vencer o apagão da mão-de-obra ?" Stefano F, Kroehn M, Oscar N. Revista Exame, 16 de novembro de 2011.

Esta matéria interessa aos intensivistas, pois tal como nos Estados Unidos, estamos muito próximos de um "apagão" com falta de especialistas na nossa área (incluindo médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e demais profissionais). É o problema a ser enfrentado na próxima década, já que o Brasil cresceu economicamente e expandiu o mercado de trabalho, mas pecou na falta de formação de mão-de-obra qualificada. Isto significa que faltou investimento em Educação, em quase todos os níveis. Algumas estatísticas são apresentadas:

- 35% das empresas têm dificuldade para contratar;
- 69% das empresas investe na formação/treinamento de funcionários já contratados;
- 48% dos contratantes não encontram candidatos qualificados no mercado;
- 49% das empresas pretende manter o quadro atual de funcionários.

A reportagem aponta algumas saídas em curto a médio prazo para contornar a situação:

1. mudar o modo de produzir: aumentar a produtividade com soluções de informática e/ou logística; a produtividade do brasileiro é muito inferior à da Coreia, Japão e Estados Unidos;

2. abrir a torneira de talentos e fechar o ralo: procurar novos e antigos talentos (profissionais qualificados) no mercado, enquanto promove valorização e manutenção dos mesmos da própria empresa;

3. pagar pela fidelidade: o profissional que teve sua especialização financiada total ou parcialmente pelo empregador deve se manter na empresa por determinado tempo, através de vínculo contratual;

4. mulheres no comando: ainda existe tendência a manter homens no comando de departamentos e empresas, mas esta situação deve se alterar rapidamente;

5. conquistar os jovens: os jovens talentos devem ser pescados ainda na universidade, antes de caírem no mercado de trabalho; eles tendem a ser fiéis e têm bom aproveitamento no início da vida de trabalho, além de serem educados no "jeito" da empresa;

6. dar uma segunda chance: relevar candidatos a postos na empresa que foram rejeitados no passado e treiná-los para poderem ingressar na empresa em momento posterior (até 70% destas pessoas podem ser reconsideradas);

7. deslocar pessoas entre regiões: profissionais competentes em cargos de 2o escalão podem despontar como líderes em filiais da empresa.

No momento em que quase 50% das UTIs no Brasil não têm intensivistas especialistas, e o cenário americano (e até brasileiro) é assustador para daqui a 5-10 anos, estas podem ser medidas paliativas úteis. No entanto, somente a formação e educação de profissionais pode ser a solução eficaz desta falta de mão-de-obra.

André Japiassú

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