09 dezembro 2011

O CLEARANCE DO LACTATO DEVE SUBSTITUIR A SVO2 COMO META NA RESUSCITAÇÃO VOLÊMICA DO CHOQUE SÉPTICO?

A revista Chest (dezembro de 2011) convidou os doutores Alan Jones e Emanuel Rivers para debater este assunto.


Opinião de Alan Jones (a favor do clearance do lactato): 1) Embora exista um consenso que a ressuscitação qualitativa (baseada em metas) reduza a mortalidade quando utilizada nas primeiras 24 horas, não existe um consenso sobre os valores das metas a serem atingidas. Por exemplo, o número mágico de 70% para a ScVO2 é baseada em um único estudo realizado em um único centro. 2) O estudo de Jones que comparou a ressuscitação utilizando como meta terapêutica o clearance do lactato vs ScVO2 mostrou que a mortalidade foi menor no grupo que utilizou o lactato. 3) Enquanto a ScVO2 avalia apenas o balanço entre oferta e consumo de O2, o lactato avalia todo o metabolismo celular. 4) Uma análise posterior do estudo de Jones demonstrou que quando a clearance do lactato era inferior a 10%, a mortalidade foi de 40% vs quando a ScVO2 era menor que 70%, a mortalidade foi de apenas 11%. 5) Dois terços dos pacientes com choque séptico apresentam ScVO2 superior a 70%.

Opinião de Emanuel Rivers (a favor da ScVO2): 1) O estudo early goal directed therapy (EGDT) mostrou que a utilização da ScVO2 como meta terapêutica reduz a mortalidade em 16%. 2) A redução da ScVO2 precede o aumento do lactato plasmático. 3) O clearance do lactato pode levar a conclusões erradas. Existe uma grande diferença nos pacientes que reduzem suas concentrações de lactato de 10 mmol/L para 9 mmol/L para aqueles que diminuem de 4 mmol/l para 3,6 mmol/l embora os dois tenham reduzido seus níveis de lactato em 10%. 4) Aproximadamente 45% dos pacientes com choque séptico apresentam lactato normal.

Nossa opinião: os parâmetros são complementares.

Flávio E. Nácul

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