Kalil AC, Sun J. PLos One. 2008; 3(5): e2291
É fato que existe enorme resistência na transposição do resultado dos ensaios clínicos para a prática de beira de leito. Alguns estudos mostram que o "gap"de tempo entre a publicação do resultado do estudo e a alteração da prática clínica pode ser de até dez anos. Os autores desse estudo questionam como possíveis causas para essa dificuldade uma interpretação confusa dos estudos e falta de reprodutibilidade dos achados a beira do leito, além de falta de uma análise formal do montante de evidência anterior com a evidência recém-publicada.
A análise Bayesiana, de uma forma simplificada, compara a probabilidade a priori (baseada em estudos prévios) com o estudo novo de forma a dar uma probabilidade a posteriori. Dessa forma, ela incorpora todo o conhecimento científico produzido sobre o assunto até então na análise do estudo atual.
Os autores, então, fazem a seguinte a pergunta para os cinco maiores ensaios clínicos publicados para sepse nos últimos anos - Early-Goal Directed Therapy, Volume Corrente Baixo, Proteína C Ativada, Corticóide em Dose Baixa e Controle Glicêmico Estrito: Qual é a Probabilidade Corrente que a Nova Terapêutica não seja Melhor que o Standard of Care no meu Paciente com Sepse Grave?
Os autores concluem que todos os trials são inconclusivos se for feita uma abordagem moderadamente cética das intervenções e, desses resultados, extraem as seguintes lições:
1) Necessidade de estudos confirmatórios;
2) Questionamento sobre standard of care nos pacientes com sepse grave;
3) Questionamento sobre se o resultado desses estudos pode ser utilizado como medida de qualidade da UTI;
4) Necessidade de interpretação clássica e bayesiana dos ensaios clínicos.
Cássia Righy
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