11 julho 2009

UMA REFLEXÃO ACERCA DO CAPITAL HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES HOSPITALARES

Uma reflexão acerca da administração hospitalar nos conduz a compreender o papel do Capital Humano neste ambiente.

O termo Capital Humano está ligado nas organizações aos valores intrínsecos do ser humano, como afirma Ponchirolli (2005), Humano, do latim hominem (para humanos), relacionado a pessoas. O que determina nossa espécie. Capital, do latim caput (para cabeça), tem muitas interpretações. No uso comum, significa o primeiro, maior, ou melhor.

Ponchirolli (2005) coloca ainda que no início do século XIX, o termo ampliou seu sentido: de dinheiro ou título mercantil passou a significar o próprio valor. Capital passou a significar uma unidade de valor vinculada ao trabalho empreendido para criá-la.

Para o economista Beker (1993) o capital humano é um conjunto de conhecimentos, treino e capacidades das pessoas que lhes permitem realizar trabalhos úteis com diferentes graus de complexidade e especialização. Definiu como investimento em capital humano "as actividades que influenciam os resultados obtidos no futuro". O homem através da sua formação pessoal e profissional contribui para o aumento da produção e para o aparecimento de novos bens e novos serviços.

Partindo destas considerações passaremos a chamar Capital Humano no hospital toda a equipe de “Cuidadores” a qual tem um papel extremamente importante, pois é ela que gera confiança, ao paciente e ao familiar. Uma equipe tecnicamente competente é capaz de intervir em momentos de crise/estresse, contribuindo para minimizar e agregar valores aos pacientes e familiares. A boa interação da equipe, o equilíbrio emocional tanto individual, quanto grupal são instrumentos imprescindíveis na atenção ao exercício profissional.

Um aspecto constantemente relegado a segundo plano quando falamos dos contextos hospitalares é o das condições emocionais dos profissionais de saúde que atendem a demandas ligadas a vulnerabilidade humana. Outros aspectos fundamentais são quanto à formação técnica, e preparo psíquico para o exercício de ser “cuidador”, como também às condições estruturais de trabalho desse profissional de saúde, quase sempre mal remunerado, muitas das vezes pouco incentivado e sujeito a uma carga considerável de trabalho.

Camon (1998), fala que a equipe enfrenta o binômio onipotência X impotência como forte fator ansiógeno, quanto no que diz respeito à dimensão do ser humano que está “por trás” do profissional de saúde, que sente, se identifica, sofre, tem uma história e sabe, mesmo que sucessivamente negue, que todas as ocorrências que protagoniza no papel de técnico e “cuidador” podem acontecer consigo ou com os seus.

A organização hospitalar tem um grande desafio a realizar quando se fala em gestão do Capital Humano. Entendemos que as empresas precisam perceber que os seres humanos, em seu trabalho, não são pessoas que movimentam o ativo – mas pessoas que necessitam e podem ser valorizadas, desenvolvidas e avaliadas como qualquer outro ativo da corporação. São ativos dinâmicos que podem ter seu valor aumentado com o tempo, e não “produtos” inertes que perdem valor.



Referências:

BECKER, G.S. Human capital: a theoretical and empirical analysis, with special reference to education. Chicago: University of Chicago Press, 1993.

CAMON, V. A. A – Urgências Psicológicas no Hospital. São Paulo –SP Ed. Pioneira 1998.

PONCHIROLLI O. Capital Humano. Curitiba – Pr Ed. Juruá, 2005.

Psic. Raquel Pusch de Souza
Presidente do Dept. Psicologia AMIB
pusch11@terra.com.br

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